É intrigante, e muitas vezes triste, ver o quanto o conceito
de amizade muda. Ou pelo menos, mudou pra mim. Digo o conceito de amizade
enquanto companheirismo, enquanto “dar importância”, enquanto sentimento
recíproco. Seja lá o quanto tudo isso signifique pra mim. Lembro-me que nos
meus 12 anos chamar e considerar alguém amigo era a coisa mais fácil e natural
que tinha. Antes disso mesmo, iniciar e criar laços com as pessoas que você
convivia era simples... Não sei se fui eu que mudei ou se foi tudo. Só sei que
o sentimento solidão é algo latente em mim. Para alguns isso é o famoso
“reclamar de barriga cheia”. Não é que eu não tenha amigos, alguém para
confiar. Mas é difícil aceitar que as coisas mudaram. Não vou entrar numa
metafísica mirabolante sobre o que é ou deixa de ser o abstrato de amizade, se
esse sentimento de “precisar de alguém” é algo puramente artificial e se nós,
como seres sociais, precisamos não nos sentir sozinhos. Primeiro, porque eu
acho dispensável, só serve para aumentar o ego, enquanto intelectual, de quem
faz isso. Segundo, porque eu sou o tipo da pessoa que preza pela amizade, pela
verdadeira amizade, então não preciso e nem quero ficar questionando as
abstrações sobre isso. Porém, isso tem sido cada vez mais difícil pra mim. O
amadurecimento e a mudança de visão sobre as coisas que me cercam me levaram ao
ceticismo. Dizem, e acredito nisso, que a solidão é o sentimento do
capitalismo, da modernidade... O individualismo exacerbado, a sensação de que
se vive em meio a uma guerra, podendo ser bombardeado de todos os lados,
valorização das máquinas, tornando tudo o que é humano chato, tedioso
(refiro-me a arte, a leitura, a escrita com papel e caneta, o abraço, a
declaração sem ser via redes sociais). Sou tomada por essa sensação. E percebo
que não estou sozinha nisso. Mesmo que eu deixe meu lado emocional (ele é
forte, por mais que eu o controle), “sem razão” como muitos querem me fazer
acreditar, é muito difícil eu encontrar uma ação recíproca de alguém. E então percebo, que confiar em alguém,
compartilhar sua confiança com as pessoas é algo que soa estranho hoje em dia.
E isso me entristece. Entristece perceber o quanto de superficialidade existe
nas relações de hoje. Queria de volta a minha ingenuidade dos 12 anos. Meus
amigos de praça, de pique, de escorrega, de gangorra, de terra, de cigarra e de
descobertas.
Não quero mais me alongar nisso, por mais que eu saiba que
virão muitas outras coisas na minha cabeça em relação a isso. Se eu sentir necessidade
eu posto aqui.
Tá, tá. Especialmente hoje estou me sentimento extremamente
só. Mas isso não é um pensamento passageiro...